quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mais sobre amamentação

Passadas as duas primeiras semanas e estabelecida a amamentação, você vai instituir sua rotina e então vai ver o quão fácil e automático fica. Só não esqueça de curtir bastante, pois é algo muito legal. Muitas vezes fazemos as coisas de forma tão automática que acabamos por esquecer de curtí-las e de prestar atenção na poesia do momento.



A amamentação não tem contra-indicação, só vai fazer bem para o seu filho e para você. Durante o primeiro semestre o leite materno é o único alimento que o bebê precisa. Aí surgem as perguntas: Não precisa de água? Não. Não dá para dar um chazinho? Não. O leite materno possui TODOS os elementos necessários nos 6 (seis) primeiros meses de vida de seu bebê para ele crescer saudável e, ainda, de quebra ganhar vários dos seus anticorpos e ficar bem protegido e imune à diversas doenças. O pediatra francês Aldo Naouri afirma ainda que “Na realidade, o aleitamento no seio pode ser dado, caso se queira, de modo absolutamente exclusivo durante todo um ano, e até mais.” (“A Criança Saudável”, São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009, p. 227).



O leite materno oferece a melhor nutrição e protege contra infecções, sendo o melhor alimento possível para qualquer bebê. A Academia Americana de Pediatria (Steven P. Shelo e Robert E. Hannemann, “Cuidando de seu filho: do Nascimento aos cinco anos”, Porto Alegre, Artmed, 2006) elenca, entre outras vantagens do aleitamento materno, as seguintes:



- As crianças amamentadas no seio apresentam menor risco de contrair infecções de ouvido, diarréia grave ou desenvolver reações alérgicas;



- O aleitamento materno desempenha um papel importante na prevenção do sobrepeso e do diabetes, tanto na infância quanto na vida adulta;



- Há evidências de que para as mães o aleitamento reduz a chance de desenvolvimento de alguns tipos de câncer e pode prevenir fratura do quadril em fases mais tardias (para mim que sou muito estabanada essa notícia é motivadora!);



- Os principais ingredientes do leite materno – açúcar (lactose), proteínas de fácil digestão (proteína do soro do leite e caseína) e gordura (ácidos graxos digeríveis) – estão perfeita e adequadamente balanceados para alimentar o bebê e protegê-lo contra diversas doenças como as infecções do ouvido (otite), alergias, vômitos, diarréia, pneumonia, sibilância (o miadinho de gato no pulmão, ou melhor, a “dificuldade de eliminar o ar pelos brônquios”), bronquiolite e meningite;



- o leite materno possui inúmeros minerais e vitaminas, bem como enzimas que auxiliam no processo digestivo;



- o leite materno não possui nenhum preparo, está disponível em qualquer momento e em qualquer lugar (os estudos mostram que o aleitamento no seio ou por fórmula exigem o mesmo tempo, porém no seio o tempo é gasto todo com o bebê, enquanto na mamadeira gasta-se tempo com a compra, preparação da fórmula e limpeza dos utensílios utilizados!!!)



Citei apenas as vantagens físicas, além dessas há toda uma inteiração bacana mamãe-bebê que a amamentação dá e que eu não consigo explicar, mas você vais sentir CERTO!



E, ainda por cima, toda essa maravilha é “de grátis”!



Conforme falávamos, no mínimo nos 6 (seis) primeiros meses de vida a dieta do bebê pode ser única e exclusiva de leite materno. Mas, se a sua avó, mãe, tia, sogra, etc. lhe convencer a dar um chazinho, uma agüinha ou o famoso “funchicória” (que “acalma que é uma beleza”) e o pediatra concordar (pois muitas vezes mal não faz e é uma tradição familiar) não esqueça que a inclusão desses outros elementos faz com que a amamentação perca sua função contraceptiva. Por isso, neste caso não deixe de usar métodos anticoncepcionais (*especiais para quem amamenta, não deixe de consultar seu médico*), pois a única coisa que impede uma nova gravidez é a amamentação EXCLUSIVA e, mesmo assim, sabe-se de casos nos quais essa “verdade” não funcionou.

Naturalmente, se você quer ter outro filho em seguida, não precisa se preocupar com esse detalhe! Neste caso vale lembrar que uma nova gravidez não implica em parar de amamentar, claro que esta decisão – assim como as decisões de amamentar ou não e de quando parar de amamentar – é algo muito pessoal e que cabe somente a você. Mas, antes de decidir parar dê uma lida neste blog:






Crendices e etc.

Impossível escapar das crendices, por mais que voc~^e não curta. Eu pessoalmente respeito como algo da cultura de cada família e devo admitir que mesmo na minha família onde todo mundo se acha super “cientista” – sério, fora eu que sou a palpiteira da família, TODOS meus demais familiares só fazem afirmações baseados em estudos randomizados, duplo cego e placebo-controlados e debocham dos que assim não fazem –, já ouvi algumas bobagens.



Pois é, no campo das crendices, já ouvi muitos argumentos contra a amamentação ou contra a manutenção da amamentação após os 6 meses do nenê, TODOS falaciosos.



Alguns exemplos tragicômicos que meus ouvidos testemunharam:



1) “Deve-se amamentar no máximo até os 8 meses, pois é quando o nenê começa a discernir que ele e a mãe não são a mesma pessoa e aí passaria de ser um ato de alimentação para um ato de “tara” do nenê” : além de horrível e pervertido esse pensamento, não li nada sério neste sentido (minhas amigas psicólogas, me corrijam se eu estiver equivocada); para essa afirmação cair por água abaixo, basta lembrar que a OMS aconselha a amamentar até os 2 anos (24 meses). Além disso onde já se viu nenê tarado? Era só o faltava!



2) “Deve-se amamentar até a criança ter dentes” : baseado em quê? Pelamordedeus!!! O primeiro dente do Pedro nasceu com 3 meses, eu deveria parar de amamentar? E os nenês que nascem com dentes (sim há nenês que nascem com dentes) então estão fritos?



3) “A OMS indica amamentar por 2 anos baseado nos países de terceiro mundo onde há carência de comida, isso não faz sentido no 1º mundo onde as mães trabalham e tem recursos para alimentar o filho” : essa é a pior de todas! Primeiro porque o mundo é somente um até onde eu sei! Sim, porque a OMS, acho eu, não faria uma afirmação irresponsável e tampouco indiretamente “direcionada” aos países não desenvolvidos e também porque faz uma propaganda de que se você quer ter uma vida “1º mundo” não pode ter tempo para amamentar seu filho e deve recorrer às fórmulas e à toda aquela parafernália de bicos, mamadeiras, aquecedores, etc. que, convenhamos, atualmente é um pensamento bem “3º mundo”.



No campo das crendices, mitos e bobagens que são ditas acerca das coisas da amamentação e da maternidade teríamos matéria para muitos e muitos posts, mas por enquanto vamos ficar por aqui!!!



A decisão

O mais importante de tudo é que a decisão de amamentar/não amamentar ou parar de amamentar/voltar a amamentar (sim é possível parar e voltar!) deve ser tomada unicamente pela mãe, com a orientação do médico da sua confiança.

Quem tem seus motivos para não querer amamentar deve ser respeitado, pois tão ruim quanto não respeitar a mamãe que amamenta seu filho em público é desrespeitar a escolha de uma mãe que não pode ou mesmo de uma mãe que por seus motivos pessoais fez a escolha de não amamentar, afinal antes de tudo é preciso respeitar a ESCOLHA e também o direito à ESCOLHA de cada mulher. Mas para poder exercitar este direito de forma plena é importante estar bem informado sobre o assunto, por isso meu conselho é antes de tudo leia muito, pergunte muito, fale com seu médico, doula, com outras mães e esteja bem segura da sua escolha, você saberá o que é melhor para você e seu nenê.



Quanto a dificuldade na escolha gosto de citar (novamente) as palavras de Aldo Nouri:



“(...) essa escolha, seja qual for, será com certeza e sempre, para mãe que a fizer, a melhor de todos, e, para o bebê, o melhor modo de alimentação que ele poderia ter. De fato, mais vale uma mãe que se sente perfeitamente à vontade, sob todos os pontos de vista, ao dar a mamadeira ao seu filho do que uma mãe que lhe oferecesse o seio a contragosto.”



Boas dicas de sites que recebi sobre amamentação de uma amiga muito querida:


Esta liga é uma organização que se dedica a ajudar as famílias a aprender e curtir a experiência da amamentação. Entre no Fórum que tem respostas para tudo, dividido por fases (idade) da criança. Também tem ótimas dicas de leituras sobre o assunto.


Projeto muito bacana ajudando as mães a conquistar espaço para amamentar fazendo arte! Fantástico!

4 comentários:

  1. Maria Luiza! Estou gostando muito do teu blog nos meus 61 anos ! Tu escreves muito bem e gostei "Citei apenas as vantagens físicas, além dessas há toda uma inteiração bacana mamãe-bebê que a amamentação dá e que eu não consigo explicar, mas você vais sentir CERTO!

    E, ainda por cima, toda essa maravilha é “de grátis”!
    .....Eu pessoalmente respeito como algo da cultura de cada família e devo admitir que mesmo na minha família onde todo mundo se acha super “cientista” – sério, fora eu que sou a palpiteira da família...

    ResponderExcluir
  2. Malu! Parabéns pela iniciativa e, principalmente, pelo texto! Não estou pensando em amamentar ninguém tão cedo, mas achei muito interessante! Bjão

    ResponderExcluir
  3. obrigada pelos comentários! vocês não sabem o muito que são importantes para mim! beijos

    ResponderExcluir
  4. Maluquetes, vc é surpreendente, estou adorando conhecer e acompanhar esta sua faceta. Continue, é uma delícia. grande beijo. tia Tê

    ResponderExcluir